Quatro mães reunidas conversam animadamente sobre como fazem para estimular seus filhos pequenos, entre 5 e 7 anos a comer verduras e legumes.
A primeira, de jeito firme diz que aprendeu que não tem esta história da criança querer ou não querer, que foi assim que ela aprendeu e é assim que ela ensina:
– Preste atenção menino, você só come a sobremesa se comer primeiro os legumes e verduras.
Segundo ela a criança sempre a obedece, porém quando estão em um ambiente em que ela não pode “ralhar” com a criança, ou ainda quando não está presente, a criança jamais come verduras ou legumes.
Este é um típico comportamento de cobrança com ameaça e convenhamos, alguma humilhação. Entre adultos, no trabalho, por exemplo, a pessoa que é humilhada tende a um comportamento “vingativo”, às vezes agressivo e o que é mais grave: a maioria das sabotagens, acidentes e erros ocorrem inconscientemente em decorrência desta situação de mal estar. Observe que quando somos humilhados, ameaçados, desrespeitados, ficamos “conversando com nós mesmos”. Neste momento, ficamos focados em avaliar a situação internamente, prestando atenção nos pensamentos, no desconforto que estamos sentindo, enfim, acabamos por não prestar a devida atenção ao que estamos fazendo e aí ocorrem os acidentes, erros, prejuízos.
A segunda mãe afirma que a estratégia dela parece bem mais eficiente. Afinal ela considera que o filho é “apenas uma criança”, e que é preciso estimular mais, coitadinho. Então o que ela faz é:
– Filhinho, se você comer os legumes e as verduras, a mamãe te dá uma gostosa sobremesa!
Ela conta que o problema é que quando não tem sobremesa, a criança não come legumes nem verduras.
Este é o comportamento de premiação. A criança só fará o certo se for premiada. Se não houver o prêmio, não há comportamento. Costumo chamar de “prostituição comportamental”. Isto mesmo, entre adultos, este tipo de prática se assemelha muito à segunda mais antiga das profissões. Quando conseguimos resultados baseados apenas em premiações, criamos a expectativa de receber “algo mais” pelo que for feito. Existem consequências graves para isto. A primeira é que nos obrigamos a premiar sempre ou não teremos resultados. A segunda é que o indivíduo habituado ao prêmio corre o risco de não progredir, porque na verdade o foco, num grande número de vezes é o prêmio e não resultado. O esforço ocorre porque ele sabe que há um prêmio no final da história.
Mais grave ainda é quando algo que não estava nos planos impede a premiação prometida. Aí ocorre como nas corridas de cachorro em que os animais perseguem um coelho mecânico. Eles jamais irão alcançá-lo e, se por acaso alcançarem, não vai adiantar nada: coelho mecânico não mata a fome!
Já a terceira mãe se mostra um pouco apreensiva e explicita seu método:
– Meu filho, sabe aquele vizinho que é mais forte que você? Pois bem ele come verduras e legumes. Do mesmo jeito que seu primo e seu colega de turma!
Ela diz que não entende porque a criança anda tão abatida, que ela pensa em levá-lo ao médico porque está achando a criança deprimida e não vê nenhum motivo para isto.
Desastre. Comportamento de comparação. Cada ser humano é único e quando é comparado com outra pessoa percebe-se inadequado. Tanto faz se a comparação o elege como melhor ou pior, o que vem é um enorme sentimento de inadequação. Imagine as cenas de uma criança brincando com outras e alguém diz que os outros são mais pobres, por exemplo, que ele, ou que os outros são mais ricos que ele. Pronto. Nos dois casos a probabilidade desta criança perceber-se inadequada está sendo instalada.
Por outro lado a comparação intrapessoal evolutiva é sempre bem-vinda, o que nos leva à postura da quarta mãe.
A quarta mãe, tranquila, observadora, ouve as três anteriores e fica meio espantada. Afirma que nunca teve este tipo de problema, que desde o princípio, quando a criança come verduras e legumes, ela faz uma “festa”.
– Parabéns filho, você está comendo algo que é muito bom para a sua vida.
Ela ainda insiste, que todo comportamento adequado que o filho faz é celebrado, estimulado e comemorado, e que a criança, em qualquer ambiente, comporta-se de forma segura, tranquila, descontraída e ordeira, tendo plena noção de respeito aos semelhantes. Quando deseja come verduras e quando não deseja não come, flexível como deve ser a vida
Este é o comportamento da celebração. Isto diz respeito à educação segura, confiante e moral das pessoas. Na celebração não é proibido premiar. Isto pode acontecer, além dos elogios, vez por outra, dar algum presente como reconhecimento do esforço, sem que isto seja prometido. Na verdade, quando se celebra, valoriza-se o esforço, o crescimento, a disposição, a intenção do resultado.
Muito importante: valorizar o excepcional é muito fácil, reconhecer as proezas de um campeão mundial de fórmula 1 é muito óbvio. O esperado, para se ter pessoas de boa índole, confiantes e que queiram crescer, é praticar a celebração diante dos pequenos gestos, no cotidiano. Celebrar os comportamentos de resultado daquele a quem você está educando.
Em minha experiência de consultório, tenho tratado de muitos adultos com grande grau de angústia, decorrente de uma educação em que receber prêmios foi a tônica, e, por outro lado, há aqueles com grandes graus de stress e ansiedade, além de insegurança, decorrentes de uma educação ameaçadora e comparativa.
Se há uma regra? Valorize os acertos para que os educandos queiram corrigir os erros!
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