“As pessoas só fazem com você aquilo que você permite que elas façam.”
Desconheço a autoria da frase e penso que ela é muito impactante. Quando se fala em relacionamentos, pensa-se em boa convivência, amizades, família, trabalho, escola e vida amorosa. E, segundo a psicoterapeuta americana Ginnie Love Thompson, “toda relação tem um nível de toxicidade. Nada é perfeito, sempre há espaço para melhora”. A evidência e os primeiros sinais de alerta de que esta toxicidade está sendo invasiva, além dos altos e baixos naturais de um relacionamento, é quando você se percebe desconfortável. Caso isto ocorra, pergunte-se o que está acontecendo, porque e como surgiu este desconforto. Desta forma, suas chances de corrigir rotas e tomar decisões sobre o relacionamento em questão serão mais fáceis, feitas com um menor esforço.
Isto quer dizer que você pode não ter culpa na toxicidade dos relacionamentos e necessariamente terá responsabilidade sobre eles, uma vez que você terá escolhas de melhorá-los, protestar, demonstrar insatisfação, denunciar, reivindicar e até afastar-se deles, derrubando o mito da sua impotência diante dos ditos relacionamentos tóxicos.
Importante ter em mente que comportamentos não se encerram em si, eles existem para cumprir funções e normalmente geram ganhos secundários. Então, por hipótese, quando você escolhe o comportamento “mudar de emprego”, a função pode ser melhorar remuneração e o ganho secundário adquirir um determinado bem, ou buscar melhor ambiente de trabalho e construir novas amizades, desenvolver novas habilidades e crescer na carreira, trabalhar mais perto de casa e fazer menores deslocamentos e uma série de outras hipóteses possíveis. Desta forma, cabe a você responder qual seria a função de omitir-se diante de relacionamentos tóxicos e quais ganhos você teria com esta omissão. Importante que você faça isto com tranqüilidade. Não há julgamentos aqui, apenas uma tomada de consciência para que então você tome decisões em seu favor e das relações.
O que são relacionamentos tóxicos?
Claro que você já ouviu que “o seu direito acaba onde começa o dos outros”, e vice versa, naturalmente. Portanto, os relacionamentos tóxicos são aqueles que desrespeitam este princípio. Todas as vezes que sua liberdade, integridade moral, emocional, social e física estiverem sendo invadidas, você estará neste tipo de relacionamento.
Conceitualmente, um relacionamento tóxico ocorre quando uma das partes de forma opressora tenta ter algum controle sobre a outra parte oprimindo-a, minando e diminuindo os direitos desta. Muitas vezes de forma sutil e, em outras, de um jeito aberto, declarado, manifesto. De qualquer modo, a parte opressora sempre o faz de forma consciente e deliberada e, para isto, usa diversas estratégias que muitas vezes podem parecer inocentes (e nunca são): uma brincadeira, piadas, rótulos, comentários, observações ácidas sobre aparência física, qualidade de roupas, adornos, tatuagens, cor da pele e raça, origem social, qualificação profissional, orientação sexual, comparações, boicotes, gritos, ironias e sarcasmos.
Como esta parte opressora sempre age de forma consciente, é comum que ela tente minimizar a importância do que está fazendo, transferindo a culpa para a parte oprimida, como se houvesse um exagero na reação, no mal estar, na indignação e no sofrimento.
Como se libertar de um relacionamento tóxico?
Fique alerta a qualquer desconforto que você experimente em uma relação. Brincadeiras só são boas quando todas as partes envolvidas se divertem, assim como relacionamentos só são bons quando as partes têm liberdade e autonomia pessoal. Como a possibilidade de relacionamento tóxico pode estar presente em vários contextos, da escola à família, do trabalho às relações amorosas, o mais importante é que você preserve sua autoestima, custe o que custar.
Os 3 Mitos sobre Relacionamentos Tóxicos
1. Isto é bobagem.
Nunca é. Nunca é só uma brincadeira. Não é apenas uma interpretação errada sua. Trata-se de ironia e muitas vezes sarcasmo.
Não é para o seu bem. Não tem sentido comparar pessoas.
Nunca é sem querer. A outra pessoa não vai mudar, ao contrário, vai piorar os comportamentos caso você não faça nada.
Trata-se sim de alguma forma de manipulação e controle. Não vai passar.
2. Ter medo de dizer não.
Boa parte das pessoas ficam receosas de dizer não às outras pessoas quando se percebem desconfortáveis, com medo de que isto possa atrapalhar os relacionamentos, e é exatamente o contrário. Cada vez que você diz não à outra pessoa nestas situações, você está dizendo um sim para si e também para a relação. Lembre-se que só fazem com você o que você permite que façam. Desta forma, construir um bom relacionamento exige que todas as partes estejam satisfeitas e íntegras. Este é o único jeito de construir alguma coisa coletivamente, seja como casal, em família, no trabalho, escola e sociedade.
3. Não há nada que se possa fazer.
Sempre há. Sempre haverá alternativas de melhorar relacionamentos, nem que seja pelo afastamento. Negociar, estabelecer limites, impor-se, valorizar-se. Em muitas situações há alguma tendência a considerar o que as outras pessoas vão pensar e isto pode ser paralisante. Entenda, quando há integridade nas relações todas as suas atitudes na direção de torná-las melhor serão respeitadas e admiradas. Por outro lado, quando uma das partes quer apenas oprimir, controlar e beneficiar-se com seu sofrimento, é passada a hora de dar um basta.
Para mais estratégicas de como se livrar de relacionamentos tóxicos, recomendo este artigo.